Leia o texto para responder às questões de números 01 a 05.
Quem assiste a “Tempo de Amar” já reparou no português extremamente culto e correto que é falado pelos personagens da novela. Com frases que parecem retiradas de
um romance antigo, mesmo nos momentos mais banais, os
personagens se expressam de maneira correta e erudita.
Ao UOL, o autor da novela, Alcides Nogueira, diz que o
linguajar de seus personagens é um ponto que leva a novela
a se destacar. “Não tenho nada contra a linguagem coloquial,
ao contrário. Acho que a língua deve ser viva e usada em sintonia com o nosso tempo. Mas colocar um português bastante culto torna a narrativa mais coerente com a época da trama. Fora isso, é uma oportunidade de o público conhecer um
pouco mais dessa sintaxe poucas vezes usada atualmente”.
O escritor, que assina o texto da novela das 18h ao lado
de Bia Corrêa do Lago, conta que a decisão de imprimir um
português erudito à trama foi tomada por ele e apoiada pelo
diretor artístico, Jayme Monjardim. Ele revela que toma diversos cuidados na hora de escrever o texto, utilizando, inclusive, o dicionário. “Muitas vezes é preciso recorrer às gramáticas. No início, o uso do coloquial era tentador. Aos poucos, a
escrita foi ficando mais fácil”, afirma Nogueira, que também
diz se inspirar em grandes escritores da literatura brasileira e
portuguesa, como Machado de Assis e Eça de Queiroz.
Para o autor, escutar os personagens falando dessa forma ajuda o público a mergulhar na época da trama de modo
profundo e agradável. Compartilhou-lhe o sentimento Jayme
Monjardim, que também explica que a estética delicada da
novela foi pensada para casar com o texto. “É uma novela
que se passa no fim dos anos 1920, então tudo foi pensado
para que o público entrasse junto com a gente nesse túnel do
tempo. Acho que isso é importante para que o telespectador
consiga se sentir em outra época”, diz.
(Guilherme Machado. UOL. https://tvefamosos.uol.com.br.
15.11.2017. Adaptado)
01. (VUNESP/2018) De acordo com o texto, entende-se que as formas linguísticas empregadas na novela
(A) correspondem a um linguajar que, apesar de ser antigo, continua em amplo uso na linguagem atual.
(B) divergem dos usos linguísticos atuais, caracterizados pela adoção de formas mais coloquiais.
(C) estão associadas ao coloquial, o que dá mais vivacidade à linguagem e desperta o interesse do público.
(D) harmonizam-se com a linguagem dos dias atuais
porque deixam de lado os usos corretos e formais.
(E) constituem usos comuns na linguagem moderna, porém a maior parte das pessoas não os entende
02. (VUNESP/2018)As informações textuais permitem afirmar corretamente
que
(A) a proximidade entre a literatura e as novelas exige
que haja um senso estético aguçado em relação à
linguagem, por isso essas artes primam pelo erudito.
(B) a linguagem coloquial atrai sobremaneira os autores
de novelas, como é o caso de Alcides Nogueira, que
desconhecia o emprego de formas eruditas.
(C) a linguagem erudita deixa de ser empregada na novela quando há necessidade de retratar os momentos mais banais vividos pelas personagens.
(D) a opção por escrever uma novela de época implica
a transposição de elementos visuais e linguísticos
para o tempo presente, modernizando-os.
(E) a harmonização entre a linguagem e a estética da
novela contribui para que a caracterização de uma
época seja mais bem entendida pelo público.
03. (VUNESP/2018) No texto, há exemplo de uso coloquial da linguagem na
passagem:
(A) ... então tudo foi pensado para que o público entrasse junto com a gente nesse túnel do tempo.
(B) Com frases que parecem retiradas de um romance
antigo, [...] os personagens se expressam de maneira correta e erudita.
(C) Quem assiste a “Tempo de Amar” já reparou no português extremamente culto e correto...
(D) ... o autor da novela [...] diz que o linguajar de seus
personagens é um ponto que leva a novela a se
destacar.
(E) Ele revela que toma diversos cuidados na hora de
escrever o texto, utilizando, inclusive, o dicionário.
04. (VUNESP/2018) Considere as passagens:
• ... os personagens se expressam de maneira correta e
erudita. (1o
parágrafo)
• Compartilhou-lhe o sentimento Jayme Monjardim...
(4o parágrafo)
• “... para que o telespectador consiga se sentir em outra
época”... (4o
parágrafo)
Os pronomes, em destaque, assumem nos enunciados,
correta e respectivamente, os sentidos:
(A) recíproco, possessivo e reflexivo.
(B) recíproco, reflexivo e reflexivo.
(C) reflexivo, possessivo e reflexivo.
(D) reflexivo, demonstrativo e enfático.
(E) reflexivo, enfático e possessivo.
05. (VUNESP/2018) Sem prejuízo de sentido ao texto, as passagens “Quem
assiste a ‘Tempo de Amar’ já reparou no português extremamente culto...” (1o
parágrafo) e “Aos poucos, a escrita
foi ficando mais fácil”… (3o
parágrafo) estão corretamente reescritas em:
(A) Quem assiste a “Tempo de Amar” já corrigiu o português excepcionalmente culto... / Seguramente, a
escrita foi ficando mais fácil.
(B) Quem assiste a “Tempo de Amar” já se deu conta
do português agudamente culto... / Rapidamente, a
escrita foi ficando mais fácil.
(C) Quem assiste a “Tempo de Amar” já percebeu o português muitíssimo culto... / Paulatinamente, a escrita
foi ficando mais fácil.
(D) Quem assiste a “Tempo de Amar” já reconheceu o
português ocasionalmente culto... / Curiosamente, a
escrita foi ficando mais fácil.
(E) Quem assiste a “Tempo de Amar” já se aborreceu
com o português sagazmente culto... / Lentamente,
a escrita foi ficando mais fácil.
Leia o texto para responder às questões de números 06 a 08.
Se determinado efeito, lógico ou artístico, mais fortemente se obtém do emprego de um substantivo masculino
apenso a substantivo feminino, não deve o autor hesitar em
fazê-lo. Quis eu uma vez dar, em uma só frase, a ideia – pouco importa se vera ou falsa – de que Deus é simultaneamente
o Criador e a Alma do mundo. Não encontrei melhor maneira
de o fazer do que tornando transitivo o verbo “ser”; e assim
dei à voz de Deus a frase:
– Ó universo, eu sou-te,
em que o transitivo de criação se consubstancia com o
intransitivo de identificação.
Outra vez, porém em conversa, querendo dar incisiva,
e portanto concentradamente, a noção verbal de que certa
senhora tinha um tipo de rapaz, empreguei a frase “aquela
rapaz”, violando deliberadamente e justissimamente a lei fundamental da concordância.
A prosódia, já alguém o disse, não é mais que função do
estilo.
A linguagem fez-se para que nos sirvamos dela, não para
que a sirvamos a ela.
(Fernando Pessoa. A língua portuguesa, 1999. Adaptado)
06. (VUNESP/2018) No texto, o autor defende que
(A) a transformação das formas de comunicação está
restrita à linguagem oral, normalmente menos formal
que a escrita.
(B) a linguagem deve atender às necessidades comunicativas das pessoas, nem que para isso suas regras
tenham de ser violadas.
(C) o estilo dos escritores rompe com a tradição da linguagem, o que implica que eles, cada vez mais, estão submissos a ela.
(D) os discursos lógicos e artísticos, para serem mais
coerentes, têm evitado as violações linguísticas a
que poderiam recorrer.
(E) a forma como muitas pessoas se comunicam cotidianamente tem deturpado a essência da língua,
comprometendo-lhe a clareza.
07. (VUNESP/2018) Assinale a alternativa em que, ao contrário da construção
“aquela rapaz”, segue-se a lei fundamental da concordância, de acordo com a norma-padrão.
(A) Quando o despacho chegou, a primeira coisa que
o advogado fez foi conferir os documentos anexos.
(B) Era um dia ensolarado, e não se sabe como foi atropelado aquela mulher em uma avenida tranquila.
(C) Parece-me que este ano está chovendo muito, mas
ainda assim há menas chuvas do que em anos anteriores.
(D) As crianças brincavam no jardim, colhendo flores
colorida e presenteando-se num gesto emocionante.
(E) Quando entraram na casa abandonada, uma cobra
estava escondido ali. Assustaram-se, pois era um bicho perigoso.
08. (VUNESP/2018) Assinale a alternativa que atende à norma-padrão de
colocação pronominal.
(A) A prosódia, já disse-o alguém, não é mais que função do estilo.
(B) Se consubstancia o transitivo de criação com o intransitivo de identificação na frase: – Ó universo, eu
sou-te.
(C) Tendo referido-me a Deus simultaneamente como o
Criador e a Alma do mundo, recorri à frase: – Ó universo, eu sou-te.
(D) Sirvamo-nos da linguagem para quaisquer efeitos,
sejam eles lógicos ou artísticos.
(E) Para expressar minha ideia, juntariam-se o transitivo de criação com o intransitivo de identificação na
frase.
Leia o texto para responder às questões de números 09 a 18.
Ai, Gramática. Ai, vida.
O que a gente deve aos professores!
Este pouco de gramática que eu sei, por exemplo, foram
Dona Maria de Lourdes e Dona Nair Freitas que me ensinaram. E vocês querem coisa mais importante do que gramática? La grammaire qui sait régenter jusqu’aux rois – dizia
Molière: a gramática que sabe reger até os reis, e
Montaigne: La plus part des ocasions des troubles du monde
sont grammairiens – a maior parte de confusão no mundo
vem da gramática.
Há quem discorde. Oscar Wilde, por exemplo, dizia de
George Moore: escreveu excelente inglês, até que descobriu a gramática. (A propósito, de onde é que eu tirei tantas citações? Simples: tenho em minha biblioteca três livros
contendo exclusivamente citações. Para enfeitar uma crônica, não tem coisa melhor. Pena que os livros são em inglês.
Aliás, inglês eu não aprendi na escola. Foi lendo as revistas
MAD e outras que vocês podem imaginar).
Discordâncias à parte, gramática é um negócio importante e gramática se ensina na escola – mas quem, professoras,
nos ensina a viver? Porque, como dizia o Irmão Lourenço, no
schola sed vita – é preciso aprender não para a escola, mas
para a vida.
Ora, dirão os professores, vida é gramática. De acordo.
Vou até mais longe: vida é pontuação. A vida de uma pessoa
é balizada por sinais ortográficos. Podemos acompanhar a
vida de uma criatura, do nascimento ao túmulo, marcando as
diferentes etapas por sinais de pontuação.
Infância: a permanente exclamação:
Nasceu! É um menino! Que grande! E como chora! Claro,
quem não chora não mama!
Me dá! É meu!
Ovo! Uva! Ivo viu o ovo! Ivo viu a uva! O ovo viu a uva!
Olha como o vovô está quietinho, mamãe!
Ele não se mexe, mamãe! Ele nem fala, mamãe!
Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste! Criança
– não verás nenhum país como este!
Dá agora! Dá agora, se tu és homem!
Dá agora, quero
ver!
(Moacyr Scliar. Minha mãe não dorme enquanto
eu não chegar, 1996. Adaptado)
09. (VUNESP/2018) No texto, o autor recorre a várias citações, com a finalidade de
(A) discutir a falta de necessidade do ensino de gramática, uma vez que seu domínio não implica necessariamente saber usar a língua de forma adequada.
(B) enfatizar as discrepâncias quanto à necessidade da
gramática para a vida, concluindo que ela é inútil e
só tem servido como atividade escolar.
(C) propor a obrigatoriedade do ensino da gramática dentro e fora da escola, possibilitando que as pessoas
usem melhor a língua materna.
(D) questionar a fascinação que grandes personalidades
têm em relação à gramática, a qual, na maioria das
vezes, ultrapassa os limites do contexto escolar.
(E) mostrar diferentes perspectivas em relação à gramática, concluindo que ela é relevante e que algumas
de suas partes assemelham-se a fases da vida.
10. (VUNESP/2018) Observe as passagens do texto:
• O que a gente deve aos professores! (1o
parágrafo)
• ... mas quem, professoras, nos ensina a viver? (4o
parágrafo)
Observando-se o contexto em que ocorrem e a pontuação nelas presentes, conclui-se que as frases apontam,
correta e respectivamente, para os seguintes sentidos:
(A) o narrador sente que está em dívida com os professores, por tudo o que aprendeu; o narrador
acredita que o papel da gramática no cotidiano é
incompreendido.
(B) o narrador demonstra reconhecimento pelo que lhe
foi ensinado pelos professores; o narrador questiona
qual é o papel da gramática na vida cotidiana das
pessoas.
(C) o narrador ironiza a educação e os ensinamentos de
seus professores; o narrador sugere que a gramática
não tem importância nenhuma na vida das pessoas.
(D) o narrador expressa certo descontentamento com o
que os professores lhe ensinaram; o narrador tem
plena certeza de que a gramática transforma a vida
das pessoas.
(E) o narrador questiona os ensinamentos gramaticais
que recebeu dos professores; o narrador discorda
da ideia de que a gramática seja a disciplina mais
importante.
11. (VUNESP/2018) Quando o autor diz que a vida é pontuação e associa a
infância à exclamação, seu objetivo é mostrar que
(A) o pleno encantamento marca esse período da vida,
e as emoções tendem a mostrar-se com mais intensidade e espontaneidade.
(B) a percepção exagerada das crianças não tem como
se justificar na relação que elas estabelecem com os
adultos e o mundo.
(C) os adultos tendem a ficar incomodados com a forma
como as crianças vão descobrindo os segredos do
mundo.
(D) os adultos têm dificuldade para atender o encantamento das crianças pelas suas descobertas com o
mundo que as circunda.
(E) as crianças normalmente descobrem o mundo sem
reagir aos acontecimentos que marcam essa etapa
de seu desenvolvimento.
12. (VUNESP/2018) O que Oscar Wilde afirma acerca de George Moore –
escreveu excelente inglês, até que descobriu a gramática – significa que
(A) George Moore passou a escrever em inglês popular somente depois que descobriu a riqueza da
gramática.
(B) a descoberta da gramática por George Moore surpreendeu a todos, pelo padrão de excelência de sua
obra.
(C) o fato de escrever com excelência em inglês não
impediu George Moore de buscar linguagem mais
contemporânea.
(D) a gramática agiu, na obra de George Moore, para
acentuar sua tendência a uma escrita de alta qualidade técnica.
(E) o contato com a gramática ocasionou, na obra de
George Moore, o comprometimento da qualidade de
sua escrita.
13. (VUNESP/2018) Assinale a alternativa em que as frases da passagem Infância: a permanente exclamação expressam as vivências infantis relacionadas à possessividade e à escolarização, respectivamente.
(A) Dá agora! Dá agora, se tu és homem! / Ele não se
mexe, mamãe!
(B) Que grande! E como chora! / Ele nem fala, mamãe!
(C) Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste! / Dá
agora, quero ver!
(D) Me dá! É meu! / Ovo! Uva! Ivo viu o ovo! Ivo viu a
uva! O ovo viu a uva!
(E) Claro, quem não chora não mama! / Olha como o
vovô está quietinho, mamãe!
14. (VUNESP/2018) Nas passagens “Porque, como dizia o Irmão Lourenço,
no schola sed vita – é preciso aprender não para a escola, mas para a vida.” (4o
parágrafo) e “Ama com fé e
orgulho a terra em que nasceste! Criança – não verás
nenhum país como este!” (penúltimo parágrafo), as conjunções destacadas estabelecem, correta e respectivamente, relações de sentido de
(A) conformidade e causa.
(B) comparação e causa.
(C) conformidade e comparação.
(D) comparação e comparação.
(E) conformidade e conformidade.
15. (VUNESP/2018) Considere os trechos do texto:
• Há quem discorde. (3o
parágrafo)
• Para enfeitar uma crônica, não tem coisa melhor. (3o
parágrafo)
• Vou até mais longe: vida é pontuação. (5o
parágrafo)
De acordo com o sentido do texto e com a norma-padrão,
os enunciados podem ser ampliados, respectivamente,
com as reescritas:
(A) Há quem discorde dessas opiniões. / Para enfeitar
uma crônica, não tem coisa melhor do que uma citação. / Vou até mais longe, afirmando que vida é
pontuação.
(B) Há quem discorde com essas opiniões. / Para enfeitar uma crônica, não tem coisa melhor como uma
citação. / Vou até mais longe, afirmando de que vida
é pontuação.
(C) Há quem discorde ante essas opiniões. / Para enfeitar uma crônica, não tem coisa melhor do que uma
citação. / Vou até mais longe, afirmando em que vida
é pontuação.
(D) Há quem discorde contra essas opiniões. / Para enfeitar uma crônica, não tem coisa melhor de que uma
citação. / Vou até mais longe, afirmando que vida é
pontuação.
(E) Há quem discorde nessas opiniões. / Para enfeitar
uma crônica, não tem coisa melhor que uma citação.
/ Vou até mais longe, afirmando de que vida é pontuação.
16. (VUNESP/2018) Nas frases “Simples: tenho em minha biblioteca três livros contendo exclusivamente citações.” (3o
parágrafo),
“Vou até mais longe: vida é pontuação.” (5o
parágrafo)
e “A vida de uma pessoa é balizada por sinais ortográficos.” (5o
parágrafo), as expressões em destaque podem
ser substituídas, sem prejuízo de sentido ao texto, correta e respectivamente, por:
(A) também; bem além; distinguida.
(B) somente; bem além; limitada.
(C) inclusive; bem adiante; orientada.
(D) apenas; bem aquém; restrita.
(E) unicamente; bem afora; orientada.
17. (VUNESP/2018) De acordo com a norma-padrão, o trecho do 4o
parágrafo
“ … gramática é um negócio importante e gramática se
ensina na escola…” está corretamente reescrito em:
(A) Se ensina gramática na escola devido à sua importância.
(B) Gramática é um negócio importante cujo ensina-se
na escola.
(C) Se ensina gramática na escola, devido a sua importância.
(D) Como a gramática é um negócio importante, a escola lhe ensina.
(E) Gramática é um negócio importante que se ensina
na escola.
18. (VUNESP/2018) Assinale a alternativa em que há expressão(ões)
empregada(s) em sentido figurado.
(A) Oscar Wilde, por exemplo, dizia de George
Moore: escreveu excelente inglês, até que descobriu a gramática.
(B) Aliás, inglês eu não aprendi na escola. Foi lendo as
revistas MAD e outras que vocês podem imaginar.
(C) Este pouco de gramática que eu sei, por exemplo,
foram Dona Maria de Lourdes e Dona Nair Freitas
que me ensinaram.
(D) Ora, dirão os professores, vida é gramática. De
acordo. Vou até mais longe: vida é pontuação.
(E) Simples: tenho em minha biblioteca três livros contendo exclusivamente citações.
Leia o texto para responder às questões de números 19 a 24.
Ei-lo agora, adolescente recluso em seu quarto, diante
de um livro que não lê. Todos os seus desejos de estar longe
erguem, entre ele e as páginas abertas, uma tela esverdeada
que perturba ____ linhas. Ele está sentado diante da janela,
a porta fechada ____ costas. Página 48. Ele não tem coragem de contar as horas passadas para chegar ____ essa
quadragésima oitava página. O livro tem exatamente quatrocentas e quarenta e seis. Pode-se dizer 500 páginas! Se ao
menos tivesse uns diálogos, vai. Mas não! Páginas completamente cheias de linhas apertadas entre margens minúsculas,
negros parágrafos comprimidos uns sobre os outros e, aqui
e acolá, a caridade de um diálogo – um travessão, como um
oásis, que indica que um personagem fala ____ outro personagem. Mas o outro não responde. E segue-se um bloco de
doze páginas! Doze páginas de tinta preta! Falta de ar! Ufa,
que falta de ar! Ele xinga. Muitas desculpas, mas ele xinga.
Página quarenta e oito... Se ao menos conseguisse lembrar
do conteúdo dessas primeiras quarenta e oito páginas!
(Daniel Pennac. Como um romance, 1993. Adaptado)
19. (VUNESP/2018) Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do
texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
(A) as ... às ... a ... a
(B) às ... às ... à ... à
(C) as ... às ... à ... à
(D) às ... as ... a ... a
(E) as ... as ... à ... à
20. (VUNESP/2018) O texto relata que
(A) o livro cativa o adolescente, ansioso por terminar
logo a leitura das quase 500 páginas.
(B) o xingamento do adolescente é inevitável, mas ele
se arrepende e volta a ler o livro.
(C) o adolescente considera penosa a tarefa de ler um
livro de 446 páginas.
(D) a recordação do conteúdo do livro ameniza o sofrimento do adolescente com a leitura.
(E) a história do livro desanima o adolescente, que pula
páginas em busca de um diálogo.
21. (VUNESP/2018) Nas passagens “Ei-lo agora, adolescente recluso em
seu quarto, diante de um livro que não lê.” e “negros parágrafos comprimidos uns sobre os outros”, os termos
destacados têm como antônimos, respectivamente:
(A) enclausurado e apertados.
(B) liberto e expandidos.
(C) apartado e ampliados.
(D) solitário e espalhados.
(E) solto e limitados.
22. (VUNESP/2018) Com a passagem “O livro tem exatamente quatrocentas e quarenta e seis. Pode-se dizer 500 páginas!”,
entende-se que a página “500” do livro seria a
(A) quinquagésima, minimizando a importância da obra.
(B) quinquagésima, questionando a importância da obra.
(C) quinhentésima, evidenciando o tamanho da obra.
(D) quingentésima, reforçando a extensão da obra.
(E) quingentésima, enaltecendo o conteúdo da obra.
23. (VUNESP/2018) No texto, um dos trechos construídos com palavras e
expressões em sentido próprio é
(A) “Se ao menos conseguisse lembrar do conteúdo
dessas primeiras quarenta e oito páginas!”, o qual
revela o pensamento do adolescente e, ao mesmo
tempo, sinaliza sua dispersão na leitura.
(B) “Ele está sentado diante da janela, a porta fechada...”, o qual remete à ideia de que o adolescente,
tendo de realizar a tarefa de ler, fica circunspecto,
analisando-se frente à situação imposta.
(C) “Todos os seus desejos de estar longe erguem, entre
ele e as páginas abertas, uma tela esverdeada que
perturba...”, o qual remete à ideia de que o adolescente queria estar em outro lugar.
(D) “Páginas completamente cheias de linhas apertadas entre margens minúsculas, negros parágrafos
comprimidos uns sobre os outros...”, o qual mostra a
percepção objetiva que o adolescente tem da leitura.
(E) “... e, aqui e acolá, a caridade de um diálogo – um
travessão, como um oásis, que indica que um personagem fala...”, o qual indica que, aos poucos, o
adolescente vai se interessando pelo livro.
24. (VUNESP/2018) Assinale a alternativa correta quanto à concordância
verbal, de acordo com a norma-padrão.
(A) A página do livro cheia de linhas apertadas e negros
parágrafos deixam o adolescente com falta de ar.
(B) O adolescente está no quarto, sentado diante da
janela. Passou as horas, e ele não tem coragem de
contá-las.
(C) Ao encontrar um diálogo, o adolescente espera que
hajam longas conversas entre as personagens.
(D) O livro tem exatamente 486 páginas. É quase
500 páginas de leitura, e praticamente não existe
diálogos.
(E) O bloco de doze páginas provoca os xingamentos
do adolescente, e logo são proferidas as desculpas.
GABARITO
01 - B
02 - E
03 - A
04 - C
05 - C
06 - B
07 - A
08 - D
09 - E
10 - B
11 - A
12 - E
13 - D
14 - C
15 - A
16 - B
17 - E
18 - D
19 - A
20 - C
21 - B
22 - D
23 - A
24 - E